

PÉGASUS: UM CARRINHO DE 100 MIL CRUZEIROS
O novo carrão da Estrela que anda bem e faz até cavalo-de-pau
Em meados de 1983, em uma viagem aérea, o então presidente da Volkswagen do Brasil, Wolfgang Sauer, foi surpreendido por um desconhecido que se dirigiu a ele no avião com uma provocação: "Eu fabrico mais carros que você".
A brincadeira tinha um fundo de verdade. O outro passageiro, o empresário paulista Mário Arthur Adler, era o então presidente da Manufatura de Brinquedos Estrela, que produzia 1 milhão de carrinhos por ano, três vezes mais que a produção da Volkswagen na época e muito mais que qualquer indústria de brinquedos do país.
Essa liderança avançaria mais alguns quilômetros com o lançamento do Pégasus, um automóvel de 100.000 cruzeiros e 40 centímetros de comprimento, que em muitos aspectos imita os carros de verdade fabricados, por exemplo, por Wolfgang Sauer.
Operado por controle remoto, o Pégasus obedece ao comando de seu motorista num raio de 30 metros, acelera como os automóveis grandes, pode chegar a 20 quilômetros por hora, anda em marcha à ré, faz curvas à direita e à esquerda, acende os faróis, liga automaticamente o pisca-pisca e, dependendo da habilidade do piloto, pode até realizar manobras arrojadas, como o cavalo-de-pau, uma derrapagem provocada pelo motorista, na qual o carro dá um giro de 180 graus.
Mais: o Pégasus possui a moderna suspensão dianteira individual em cada roda e eixo traseiro com molejo, para suavizar o impacto causado por desníveis no terreno, e suas rodas são fabricadas com o polipropileno, um material de enorme resistência.
"Fazer brinquedos é coisa séria", afirma Adler. "Fizemos tudo para que o Pégasus parecesse um carro real".
Ele informa que o projeto do brinquedo consumiu dois anos e custou a Estrela cerca de 100 milhões de cruzeiros.
O mais novo automóvel brasileiro, que chegou às lojas, funciona com pilhas comuns, o que também é uma vantagem. "Muitos brinquedos brasileiros tem esse problema" diz Adler. "Quando a bateria acaba, a criança pode ter certa dificuldade de encontrar outra para substituir".
Para estimular as vendas, a Estrela lançou o carro em duas versões "prata" e "ouro", que operam em frequencias de rádio ligeiramente diferentes. Isso permite a organização de corridas entre dois modelos, sem que haja interferência do rádio-controle de um carro no comando do outro.
Adler entende que o Pégasus nasceu com a receita do sucesso comercial. Apesar do preço alto (equivalente a 2 salários mínimos), A Estrela estimou vender um mínimo de 20 mil unidades até o final daquele ano.
Fonte: Revista Veja de 14 de Setembro de 1983